Voltando, após alguns anos, às
minhas leituras sobre a história da música popular brasileira, concluo o livro A vida louca da MPB, de Ismael
Caneppele. O volume, de 272 páginas, traça perfis biográficos de 17 importantes
nomes da nossa música, os quais têm em comum a clareza com que se empenham em conferir
à sua produção artística suas próprias digitais, bem como a ousadia de viver
sua vida e carreira sem capitular a interesses alheios aos seus, ainda que
sejam, naquela ocasião, os da poderosa indústria fonográfica. Todos esses artistas
protagonizaram narrativas marcadas pelo excesso, que, no mais das vezes,
traduziam-se em atitudes transgressoras que desafiavam o conservadorismo da
sociedade, as leis do Estado, os interesses do mercado de discos, os críticos
de plantão e até mesmo o público que consumia suas músicas e iam aos seus
shows. Todos eles morreram jovens, mas, apesar disso, produziram uma arte tão
intensa, verdadeira e original, que acabaram se tornando imortais. São eles: Carmem Miranda, Noel Rosa, Mário Reis, Orlando Silva, Dalva de Oliveira, Nelson
Cavaquinho, Vinicius de Moraes, Maysa, Wilson Simonal, Tim Maia, Raul Seixas,
Sérgio Sampaio, Itamar Assumpção, Júlio Barroso, Cazuza, Renato Russo e Cássia
Eller.
É importante que não se confunda
o livro de Caneppele com uma biografia. Biografia é obra de maior fôlego e exige
bem mais empenho e responsabilidade de seu autor, tanto no que diz respeito à
pesquisa e tratamento do material pesquisado, quanto ao modo como se pretende abordar
a história de vida da personagem escolhida para ser biografada. Em A vida louca da MPB, cada capítulo traz
uma boa síntese do que foi a vida e obra de um artista de nossa música, sem
qualquer aspiração à completude. Para quem tiver interesse em compreender
melhor as personalidades que constam no livro, no final há a indicação da
bibliografia consultada pelo autor. No meu caso, interessa-me ler toda a
bibliografia citada, mas, por ora, o livro de Caneppele é uma boa leitura
introdutória.
Sérgio Santos da Silva
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