O homem é naturalmente crédulo. Diferente do que defende muitos de meus pares, não creio que sem a influência da família (ou da sociedade como um todo) no sentido de transmitir certas ideias religiosas às crianças, estas não desenvolveriam, por si mesmas, quaisquer ideias nesse sentido. Basta considerar que a curiosidade natural e a busca pela compreensão do mundo se esbarram em certos obstáculos instransponíveis, pelo menos aparentemente, para considerarmos a alta probabilidade de um ser humano suspeitar a existência de algo além da matéria. O fato é que a vida é marcada por tantos mistérios, há tanto que a ciência não explicou ou, talvez, jamais conseguirá explicar, que haverá sempre a brecha para que, em algum momento, alguém tenha uma “iluminação especial”, um “entendimento além dos sentidos”, um “insight”, uma “visão mística”, um “êxtase”, enfim, qualquer forma de compreensão do universo que transcenda o mundo físico. Não foi isso mesmo que teria ocorrido no mundo primitivo? O homem, diante do inexplicável, criando o divino a “sua imagem e semelhança”? O homem, espantado com as forças da natureza, concebendo um ser acima dele, mas, ao mesmo tempo, acessível, com o qual poderia manter um relacionamento, com o qual poderia, assim, negociar sua “salvação” neste mundo tão hostil? Concebendo um deus pessoal e acessível, pode o homem tentar aplacar-lhe a ira, de modo a evitar o indesejável e obter o desejável à sua sobrevivência. Não é assim que se explica, sob as lentes da Antropologia, a origem da religião? É importante que se diga que a religião surgiu na infância da humanidade, ou seja, quando o homem não poderia ser influenciado por ideias religiosas pré-existentes. Apesar disso, não faz sentido dizer que o homem primitivo tenha sido originariamente ateu, uma vez que, para sê-lo, teria primeiro que criar o conceito de Deus. Só depois poderia negá-lo.
Não creio, por
essa razão, que se nasça ateu. O ateísmo, seja professado de forma afirmativa,
isto é, a partir da crença de que se pode demonstrar a inexistência de um deus,
seja de forma negativa, isto é, admitindo-se que não há evidências suficientes
para afirmar que exista um deus, constitui-se em uma convicção. E não faz
sentido sustentar que uma criança possua tal convicção. Se é verdade que um
infante não afirma crer na existência de um Deus, a não ser que receba certa
formação religiosa, não é menos verdade que jamais afirmará o contrário sem
receber dada influência materialista de seus pais. A palavra deus ainda nada significa
para ele. Constitui-se apenas em um significante, talvez nem isso. De qualquer
forma, é pouco provável que um indivíduo livre de uma educação religiosa (É
possível isso?) chegue à idade adulta sem nunca se perguntar, por exemplo, como
o mundo surgiu, como o universo pode ser tão harmonioso (Será?), o que
acontecerá após a morte, e outras questões inquietantes. Não se pode ignorar
que as respostas da ciência a essas questões podem não parecer tão convincentes,
ou melhor, podem nem existirem (Tudo tem que ser mesmo da sua alçada?), e,
sendo assim, convenhamos, a ideia de um ser superior onipotente e criador, por
definição “incompreensível à mente humana”, cria um ponto de apoio muito
interessante e pode, por sua vez, parecer mais convincente. Como a curiosidade
poderia subsistir diante daquilo que fornece explicação para todos os mistérios
da vida, mas é, por outro lado, naturalmente incognoscível? Creio que isso explica
porque, por toda a história e em todos os lugares, a crença em um deus tenha prosperado
e não o contrário, mesmo entre os homens de ciência.
Diante
dessa compreensão, deixei de me incomodar com o espanto das pessoas ao confessar-me
ateu. Não poderia ser de outra forma. O ateu é mesmo uma exceção à regra. A
maioria dos homens são crentes. Sendo assim, é até previsível ser abordado pela
seguinte indagação: “O que aconteceu para você se tornar ateu?”. A pergunta é
previsível e exige um esclarecimento. Quero dedicar-me aqui a fazer tal
esclarecimento. Para isso, é necessário apontar alguns passos importantes para
que o leitor entenda que a assunção do ateísmo não se faz da noite para o dia.
Antes disso, porém, entendo ser também necessário explicar em que sentido me
denomino ateu.
Em
primeiro lugar, o ateísmo constitui-se como crença. É preciso deixar claro isso.
O ateu pode até ter convicção profunda da inexistência de qualquer divindade,
pode ter fortes razões para defender seu posicionamento – e tem –, pode
enxergar evidências suficientes para corroborar sua visão de mundo, mas isso é
muito diferente de alçar sua convicção a um conhecimento seguro, verdadeiro e
irrefutável. Nesse ponto, ele não difere do teísmo. Quem crê na existência de
um deus pode igualmente ter bons argumentos para sustentar sua crença – e tem –,
mas não pode fazer da crença em uma divindade um conhecimento seguro como dois
mais dois são quatro. Mas isso não significa que o ateísmo se baseie em fé,
como muitos concluem erroneamente. A palavra fé e crença não podem ser tomadas
como sinônimas. Voltarei a este ponto.
O
ateísmo, conquanto o termo sugira a negação de qualquer divindade, é, na
prática, a negação de um dado deus ou deuses. Explico: nenhuma manifestação do
ateísmo se dá pela negação genérica a uma divindade desconhecida, concebida
apenas no campo da probabilidade. O ateu não nega, pelo menos de forma empenhada,
um deus possível ou um deus que se possa deduzir da lógica. Antes, ele nega
toda divindade que tenha o seu culto estabelecido. É claro que o ateu também não
acredita, por exemplo, na existência de Zeus ou de Odin, divindades mais que
conhecidas, embora hoje adoradores de tais personagens da mitologia grega e
nórdica inexistam. No entanto, se o ateísmo abarca esses deuses antigos, o indivíduo
ateu trata desses casos com certa displicência. Não é exatamente isso que tem
em mente quando se denomina ateu. Ademais, a existência desses deuses não é
reclamada por ninguém na atualidade. Ele não acredita ainda no chamado “deus
dos filósofos”, na entidade suprema que preencheria as lacunas do conhecimento,
ou o primeiro motor a que se chega “necessariamente” por meio do raciocínio. Mas
tal descrença é igualmente displicente. Isso não o preocupa de forma alguma.
Demonstrando-se a necessidade lógica desse “deus dos filósofos”, ainda assim persistirá
ateu – ou, caso não queira incorrer em algum tipo de incoerência, acabará por
se declarar agnóstico, o que, na prática, em nada abala seu ateísmo essencial.
Ocorre que esse
deus concebido pela razão parece inócuo, sem relação obrigatória com a
realidade concreta, sem ponto de contato com o Deus das grandes religiões
monoteístas. É antes percebido pelo ateu mais como uma abstração, um corolário
de uma edificação teórica muito bonita e grandiosa, mas de cuja solidez desconfia.
Parece-lhe que qualquer intempérie concreta põe o edifício todo abaixo. De
qualquer forma, a vaga hipótese de um deus abstrato é suficiente para que
muitos demonstrem simpatia pelo agnosticismo. Apesar disso, não conheço ninguém
que, declarando-se agnóstico, considere a possibilidade real da existência de
um deus como Jesus, Alá ou Khrisna. Ao assumir a sua incapacidade de chegar ao
conhecimento dessa matéria – a existência de um deus –, o agnóstico presume que
a possibilidade de existir um ser superior que teria criado o universo é igual
a de que este ser simplesmente não exista, mas de nenhuma forma ele se confunde
com os deuses cultuados pelas religiões. Trata-se de um deus “a-religioso”, não
revelado aos homens, tão abstrato que tenho dificuldade de encaixá-lo dentro do
conceito de deus. A meu ver, o agnóstico faz tal concessão ao teísmo por certa
cautela injustificada, mas não consegue fazê-lo por completo. Um agnóstico não
fica “em cima do muro” quando alguém lhe pergunta, por exemplo, se Jesus é
Deus. Ele não responde que existe certa possibilidade de isso ser verdade, uma
vez que nada pode saber com certeza a respeito. Não é essa a sua resposta
porque simplesmente ele não acredita nisso!
Na
verdade, posso dizer que, se não todos, mas quase todos os ateus se veem
descritos na proposição “Não acredito que Deus exista”, certamente muito mais
do que na proposição “Não acredito que um deus exista”, ainda que ele creia também
na segunda sentença. O caro leitor deve convir que normalmente um ateu é
colocado diante da seguinte indagação, feita com certo espanto: “Você não acredita
em Deus?”. Muito mais raramente ele se vê obrigado a responder a correlata indagação:
“Você não acredita em um deus?”. Mesmo em debates sobre o tema, geralmente se discute
a existência de Deus e não a existência de uma divindade qualquer. Isso porque
as pessoas envolvidas nessas situações descritas têm em mente certa ideia de
deus, ou melhor, têm em mente certo Deus. No caso de nossa civilização
ocidental, as pessoas estão tratando do deus cristão: o Jesus de Nazaré.
Quando afirmo que sou ateu, portanto, estou
afirmando que não acredito na existência de Deus, assim, com D maiúsculo, e,
evidentemente, por extensão, na existência de quaisquer deuses. Eu não creio
que exista um deus, sobretudo quando identifico esse deus com Jesus. Quando uso
o verbo crer, quero que se entenda mesmo que o ateísmo constitui-se em uma
crença. Trata-se da crença em uma proposição negativa, mas mesmo assim uma
crença. Mas de modo algum isso significa que ela se sustenta em fé. É engraçado
como alguns cristãos objetam que para ser ateu é necessário ter mais fé do que
para se crer em Deus. Novamente percebo aqui um problema semântico. Quem faz
tal afirmação não compreende que fé é uma palavra com uma aplicação muito clara
e especial, pelo menos no contexto temático que estamos trabalhando neste
artigo. Uma pessoa que acredita simplesmente que exista um deus não pode ser
descrita como uma pessoa de fé. Quando Paulo diz que a fé é “o firme fundamento
das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem” (Hebreus
11:1), certamente o apóstolo não estava se referindo ao simples assentimento
racional de que existe um deus que criou o universo. Se a fé é uma prova
daquilo que não se vê, é certo que ela prescinde de uma explicação racional ou
empírica. Isso não significa que os conteúdos da fé não tenham qualquer
fundamento na razão, mas que ela subsiste ainda que tais fundamentos inexistam.
Isto é, crê-se primeiro e só depois se busca a compreensão. É esse o entendimento,
por exemplo, de Santo Agostinho, um dos maiores teólogos da Igreja. Agostinho
cria que as assertivas bíblicas deviam ser antes aceitas por fé para só posteriormente
serem analisadas à luz da razão humana. Ele dizia que cria para compreender e
compreendia para crer melhor. João Escoto Erígina, filósofo e teólogo irlandês,
seguindo um caminho oposto, isto é, ressaltando a primazia da razão sobre a fé,
acabou por ser considerado um herege, e só escapou das violentas sanções da
Igreja devido à proteção do rei franco Carlos, o Calvo. Na narrativa bíblica, o
apóstolo Tomé, após ter obtido a prova empírica que precisava para sustentar
sua fé, foi interpelado por Jesus: “Por que me viste, creste? Bem-aventurados
os que não viram e creram” (João 20: 29). Nessa passagem, o evangelista João
deixa claro que Jesus esperava que Tomé cresse na sua ressurreição sem a
necessidade de tê-lo visto ressurreto. Dessa forma, fica evidente que a crença
religiosa não depende de um movimento de justificação racional, muito embora
não o invalide. Isso a torna qualitativamente distinta da crença ateísta. É
possível que um cristão até veja irracionalidade na proposição do ateísmo, não
obstante isso, não pode negar que o ateu “nasce” de um processo de
racionalização. Não é o caso de um indivíduo ter uma experiência mágica de
compreensão, algo semelhante a uma revelação, um insight, para se tornar ateu. Defendo
que o ateísmo se funda inicialmente na racionalização do dogma religioso, uma
vez que, no geral, o ateu passa da crença para a descrença, não iniciando já
diretamente nesta. Ou seja, é um processo de questionamento, que o leva quase
sempre a perceber incoerências e contradições nas “verdades reveladas”, e
leva-o a afastar-se da fé.
Este
é, portanto, o primeiro passo para a assunção do ateísmo. Não me vejo por ora
habilitado a falar sobre indivíduos que nasceram em uma família de ateus, mas
acho pouco provável que tais indivíduos passem a vida sem se ver às voltas de
questões religiosas, sem revelar qualquer crença dessa natureza. De qualquer
forma, a maioria dos ateus um dia já foram teístas. Esse é um dado importante,
que parece sugerir que a religiosidade representa um movimento natural,
enquanto que a adesão ao ateísmo é fruto de uma racionalidade que se liberta
das contingências da natureza, assim como grande parte da cultura humana representa
uma fissura em relação aos instintos e inclinações naturais. Obviamente não
estou dizendo que um indivíduo de fé não seja um ser racional, como muitos
ateus, infelizmente, costumam referir-se ao homem religioso. Estou apenas
falando de uma racionalidade que opera em sentido muito distinto. Enquanto que
o ateísmo é fruto da racionalidade, não se pode dizer o mesmo da fé. Ao contrário,
conforme o exposto acima, a racionalidade é, de algum modo, fruto da fé.
Depreenda-se
do que eu disse que os dogmas religiosos são aceitos por fé. O cristão aceita,
por exemplo, a doutrina da Trindade sem ser capaz de compreendê-la, aceita-a primeiramente
como parte dos “mistérios da fé”. Como seria possível compreender a ideia de
três manifestações distintas de uma única divindade sem descambar no
politeísmo? Como entender que o Pai, o Filho e o Espírito Santo constituem,
afinal, um único Deus? Se a razão tivesse primazia sobre a fé, nesse ponto
seria inevitável aceitar a acusação que o Islã faz ao Cristianismo; seria
necessária a admissão de que a religião de Maomé, sim, distingue-se da de
Cristo por pregar um monoteísmo radical. Mas a Trindade, uma vez aceita por fé,
pode ser depois submetida aos escrutínios da razão. Nesse caso, porém, a
racionalidade que se opera já está “domesticada”, trata-se de uma razão usada a
serviço de uma verdade já estabelecida. Não se trata de questionar o dogma da
Trindade, mas de explicar tal conceito, de racionalizá-lo de modo a
desconstruir as “aparentes” incoerências. A ideia, no final, pode chegar a ganhar
ares de uma proposição harmoniosa. E se o resultado não é esse, invariavelmente
recorre-se às respostas evasivas, mas sempre válidas para o crente, como “a
natureza divina não pode ser compreendida pela racionalidade humana” ou “só é
possível entender as coisas espirituais com a graça de Deus, com o auxílio do
Espírito Santo”.
O homem de fé,
nesse contexto, enxerga o texto sagrado de sua religião como algo “acima de
qualquer suspeita”, uma vez que seria a palavra de Deus revelada aos homens. Daí
o cristão aceitar como verdade tudo o que está contido na Bíblia. Mesmo as
pessoas que aderem a um determinado culto após terem se submetido a
determinados estudos, como acontece, por exemplo, com os adventistas e
testemunhas de Jeová, já de antemão acreditam em Deus e na Bíblia. Não se faz
necessário que o missionário cristão convença o seu público-alvo de que as Escrituras
Hebraicas e Gregas produzidas por um povo no Oriente Médio durante a Idade do
Bronze contém essencialmente o plano de salvação traçado por Deus aos homens. O
que esses grupos procuram é fornecer ao já crente o que seria uma interpretação
adequada do texto bíblico já aceito. Vivesse em uma cultura árabe, o crente
seria apresentado a uma leitura adequada do Alcorão. Não ocorre ainda a esse
indivíduo a possibilidade de questionar a fonte de onde se extrai os conteúdos
da fé.
Para
mim, é inevitável fazer uma digressão neste ponto. Tenho compreendido o quão interessante
é a natureza da crença, sobretudo quando ela se sustenta na fé. Tudo parece contribuir
para confirmá-la. O cristão comum, por exemplo, vê em cada palavra bíblica uma
verdade fundamental e, como não há um leitor isento e passivo, acaba levando
para o texto muito de si mesmo, muito do que é alheio ao sentido original. Em
consequência, o texto passa a ser tão polissêmico, tão carregado de sentido,
que parece validar qualquer teoria que o leitor já possua de antemão. Desse
modo, ele encontra na Bíblia a antevisão do Nazismo, a proposição da Teoria do
Big-bang, a Física Quântica, a Lei da Gravitação Universal, a referência ao
papa João Paulo II, a ideia de seres extraterrestres que teriam visitado a
Terra, a previsão da 1ª guerra mundial e da AIDS, etc. Embora desconfie de sua
isenção, devo considerar que nesse sentido o exegeta do texto bíblico tem razão
de reclamar da interpretação livre que se faz das Escrituras. Acontece que tudo
isso representa para o cristão comum um grande trunfo para mostrar ao incrédulo
que a Bíblia só pode mesmo ter sido inspirada por Deus, pois, de outro modo,
como explicar tantas informações científicas verdadeiras? Como explicar tantas
profecias cumpridas?
Diante
de tudo isso, vê-se que os primeiros movimentos dentro de uma fé como a cristã parecem
só contribuir para o fortalecimento da crença religiosa. Mas, se o indivíduo
não consegue se submeter completamente a essa fé que se coloca acima da razão,
se ele pretende uma compreensão profunda dos temas tratados pela religião para
poder ficar em paz com sua crença, se em determinado momento da vida ele se dá
conta de que muito do que aprendeu enquanto adepto de uma religião parece
contradizer sua própria racionalidade, se percebe que muitos preceitos que
constituem a moral cristã vão de encontro à sua própria consciência, então ele caminhará
no sentido de resolver essas dificuldades. E para isso certamente procurará respostas
entre as autoridades de sua Igreja, fará leitura de livros escritos por
apologistas dos temas que lhe interessam naquele momento, participará a seus
pares suas inquietações. É possível que depois de tudo isso esse indivíduo se
dê por satisfeito e se torne um defensor mais ardoroso das verdades religiosas.
Do contrário, fará seu primeiro movimento em direção à descrença.
1º passo: O questionamento do dogma religioso
No
meu caso, foi o questionamento do dogma da castidade que me proporcionou meu
primeiro movimento em direção à descrença. Ainda hoje esse é um dos temas mais
caros para mim. Tendo abraçado à fé protestante aos 12 anos, passei os
primeiros anos como qualquer cristão sincero, demonstrando um zelo religioso
inabalável. Ao entrar de vez na adolescência, porém, passei a entrar em
conflito com minha fé e minha consciência. Sentindo toda a influência dos hormônios
atuando no organismo, impulsionando-me em direção ao sexo, passei a enfrentar o
que os cristãos chamam de “provações” ou “tentações do diabo”. Sentia mesmo,
como descreve Paulo, a fraqueza da carne, sentia que não conseguia livrar-me de
pensamentos sensuais, e que o meu corpo exigia, de forma imperativa, a entrega
ao prazer sexual, e eu não podia com isso. Escrevo isso com plena consciência
do quão estigmatizado é tal comportamento pela moral religiosa, mas, como
qualquer adolescente sadio, entregava-me vez ou outra ao chamado “vício
solitário”, e, por essa razão, tive de conviver durante muito tempo com crises
de consciência. Pedia perdão a Deus, prometia emendar-me, mas, à primeira
tentação, entregava-me novamente à prática da masturbação. Era ainda
atormentado pela ideia de que poderia pecar apenas por pensamento, mas não
conseguia resistir às tentações do “pecado da luxúria”, e pensava continuamente
em mulheres nuas, em atos lascivos, e na prática de toda sorte de
concupiscência.
É
claro que isso não é suficiente para levar ninguém à descrença. No máximo, leva
à apostasia. É um grande reducionismo querer apontar a adesão ao ateísmo como
uma autorização para fazer o que se tem vontade. Conheço muitas pessoas
entregues a toda sorte de práticas “pecaminosas” que de modo algum abandonaram
suas crenças religiosas. No geral, denominam-se “cristãos não-praticantes”,
“afastados” ou “desviados”, mas nunca incrédulos. Compreendem que estão no
erro, e endossam o discurso religioso. Não aderi, portanto, ao ateísmo por essa
razão. Na verdade, ninguém poderia fazê-lo dessa forma, pois, embora
confessasse isso com a boca, não poderia fazê-lo no seu íntimo. Posso dizer,
partindo desse pressuposto, que não pertenço ao grupo dos que se apostataram,
mas dos que verdadeiramente perderam a fé. A grande questão em torno do dogma
da castidade é que meus conflitos interiores acabaram por fazer-me entender que
eu não dispunha de qualquer razão para condenar a masturbação nem o sexo antes
do casamento. Passei a não compreender porque isso era tão importante para o
Criador do Universo. E não compreendendo, busquei respostas. Não é o caso de me
estender mais sobre o tema neste artigo, mas afirmo peremptoriamente que até
hoje não ouvi nem li qualquer argumento pelo menos razoável para sustentar que
a castidade antes do casamento e a condenação à masturbação têm uma razão de
ser, que são preceitos morais necessários ao homem assim como não matar e não
roubar. Em vez disso, tem ficado cada vez mais claro para mim que tais preceitos
são arbitrários, não proporcionando qualquer benefício ao indivíduo na sua
dimensão pessoal e social. Prometo escrever um artigo sobre o tema e
desenvolver com mais profundidade meu ponto de vista. O que quero destacar aqui
é que o ateísmo inicia com o questionamento de um dado dogma religioso.
O interessante é
que uma vez dado esse passo, é natural que se verifique a validade ou não de
outros dogmas. Ao questionamento do dogma da castidade, seguiram-se, por
exemplo, o questionamento da origem do mal no início dos tempos, da Trindade
constituída de Pai, Filho e Espírito Santo, do sábado como sinal distintivo do
povo de Deus, da inspiração divina de Ellen White, etc. (Como se vê, sou um
ex-adventista do sétimo dia). Após questionar tantos dogmas, o indivíduo percebe
que se está minando a fonte de onde eles são extraídos. O resultado natural é o
descrédito na Bíblia como regra de fé e prática. Esse é o segundo passo em
direção ao ateísmo.
2º passo: o descrédito na fonte dos conteúdos da fé
Uma vez que a
Bíblia perde sua condição especial de depositário de uma verdade revelada, tudo
que nela se fundamenta sofre forte abalo, especialmente o Cristianismo deixa de
fazer sentido. Não obstante certas narrativas possam continuar impressionando, ainda
que certas histórias se imponham como fatos históricos, mesmo que certas
interpretações de livros proféticos pareçam fazer sentido, a constatação de que
grandes porções da Bíblia são, sob todos os aspectos, incoerentes, causam um
estrago enorme na reputação dessa coleção de livros escritos por autores “inspirados
por Deus”. A constatação do absurdo da parte faz com que o todo seja negado
como verdade inquestionável. A Bíblia passa a ser lida sem o olhar complacente
da fé.
O mais curioso
em tudo isso é que o indivíduo passa a enxergar mais claramente o que sempre
leu na Bíblia, mas não dava a mínima atenção. Um exemplo disso é a narrativa de
Jó. Antes visto apenas como um grande testemunho da fé de um homem diante de
tantos infortúnios da vida, agora se vê o absurdo de muitas vidas ceifadas com
o único propósito de provar a fé de um homem – e pior –, ação motivada por uma
aposta entre Deus e Satanás! Aliás, a própria figura de Satanás passa a
constituir-se em algo irracional. Um ser criado por um Deus vaidoso que não
aceita concorrência! Há pelo menos dois pontos nunca explicados
satisfatoriamente por nenhum apologista cristão, mesmo os mais preparados que
pude conhecer: a) Como é possível Lúcifer ter qualquer ideia que o afaste de
Deus? Se o mal não tem uma existência em si, como afirmam alguns teólogos, mas
é, por outro lado, a privação do bem, como explicar que um dado pensamento ou
ação possa afastar a criatura do Criador, o Bem Supremo? Ora, só existe
escuridão porque há momentos em que falta a luz, ou porque há lugares afastados
da luz, mas como seria possível Deus faltar em qualquer momento ou existir
algum lugar afastado de Deus, lugar em que Ele não seja? ; b) Por que, afinal,
Deus não aceitou a “transgressão” de Lúcifer? Por que Deus teria criado a
possibilidade da transgressão, a ideia de erro? Não, isso não é incompatível
com o livre-arbítrio. Criar a possibilidade de fazer qualquer escolha sem
sofrer um castigo pela escolha feita não significa criar robôs. Significa a
possibilidade de até negar-se a adoração ao Criador sem sofrer qualquer sanção
por isso. Dessa forma, só serviria a Jeová quem o amasse verdadeiramente.
Muitos alegam que o castigo divino é, na verdade, a consequência natural do
afastamento de Deus, como se isso se assemelhasse ao apagamento da chama da
vela pela privação do oxigênio. É interessante aqui é que não faz sentido algum
que a lei moral de Deus seja de natureza semelhante às leis naturais. A questão
é: por que Lúcifer não teria o direito de considerar-se acima do Altíssimo, se
considerar-se não é sê-lo? Por que teria que ser expulso do céu por isso? É
óbvio que se trata de questões densas, que eu não poderia esgotar neste artigo.
3º Passo: o acesso a explicações mais consistentes
Some-se
a tudo isso o fato de se ter acesso a informações que, pelo menos
aparentemente, fornecem explicações melhores do que a “verdade revelada”, aí a
consequência será a negação desse Deus que se revela. Embora o crente, no
geral, seja resistente ao discurso científico que se opõe à visão bíblica, não
pode negar que determinadas abordagens têm um fundamento racional muito
interessante. Ele pode não se ver convencido sobre a Teoria da Evolução, por
exemplo, mas não pode alegar que tal proposta para a origem do Universo não se
baseia em dados empíricos. Não pode dizer que se trata de uma ideia aceita
aprioristicamente por fé. Para chegar à ideia de evolução, houve, por sinal,
contribuições significativas de várias áreas do conhecimento. Um bom exemplo é
a Paleontologia, que forneceu a descoberta de um importante registro fóssil da
vida na Terra. O apologista cristão pode apontar, nesse caso, problemas na
interpretação dos dados coletados, pode denunciar erros metodológicos, mas não
pode acusar o cientista de erigir sua construção argumentativa no vazio. Se há
aqui dificuldades intransponíveis para aceitar-se a evolução a partir de um
número limitado de ancestrais comuns, se há lacunas reais, como a origem da
vida a partir de matéria abiótica, é preciso prosseguir com a discussão. Nesse
sentido, os proponentes do Design Inteligente cumprem bem o seu papel. Todo
esse diálogo entre evolucionistas e criacionistas é mais que saudável. Mas, apesar
de ser possível a desconstrução da Teoria da Evolução, há algo fantástico na
proposição do Darwinismo que acaba atraindo quem se liberta do dogma religioso:
a constatação de que todo esse edifício teórico constitui-se em um esforço
humano de buscar respostas por meio de dados observáveis e da interpretação
desses dados. O cientista evolucionista levanta hipóteses, intui processos, faz
pesquisa de campo, submete suas ideias a verificações. Em nenhum momento o
evolucionismo é tomado como uma verdade a priori, que deva ser aceita de
antemão sem qualquer justificação racional. É bem verdade que muita boa ciência
é feita sob o modelo criacionista, mas, nesse caso, trata-se de uma ciência submetida
a validar uma resposta já pronta. Dessa forma, o cientista criacionista também
faz pesquisa, também vai a campo, também submete suas hipóteses a verificações,
também faz descobertas, no entanto sua atividade de pesquisador já inicia com a
conclusão, a qual ele se esforçará por confirmar. De qualquer forma, o ateu não
tem necessariamente compromisso com a Teoria da Evolução, embora perceba nela
uma proposta mais plausível do que a criação especial descrita no livro de
Gênesis. Todas as críticas feitas à Teoria da Evolução somadas às explanações
de alguns argumentos científicos “favoráveis” ao Criacionismo são incapazes de
tornar o “Faça-se a luz” de algum modo razoável como explicação para a origem
do universo e da vida. Na verdade, só confirma a cosmovisão de quem já crê no
Deus bíblico Criador.
O
fato é que há uma infinidade de abordagens materialistas mais consistentes para
tantos temas de algum modo ligados à fé, que a torna totalmente injustificável.
Por exemplo, a ciência tem demonstrado que a masturbação, cuja discussão é aqui
referida, não causa qualquer problema físico ou psicológico para o indivíduo, não
implica qualquer degeneração moral e que só a ignorância e o preconceito
poderiam justificar a condenação dessa prática. Ao contrário disso,
masturbar-se é um ato natural e extremamente saudável. Não faz sentido,
portanto, que um deus a tenha condenado, a não ser que esse deus seja um ser
arbitrário que cria leis sem sentido, preceitos que prejudicam o indivíduo, em
vez de beneficiá-lo, um deus que cria mandamentos absurdos só para depois
exigir obediência estrita de suas criaturas. Certamente não é assim que o
cristão concebe o seu deus. Esse é só um ponto, mas cito exatamente este porque
se trata de um tema que marca a minha busca pessoal pela verdade.
São
diversos, porém, os avanços de uma visão mais humanista do mundo, a qual colide
o tempo todo com as ideias cristãs. Refiro-me, por exemplo, às conquistas feitas
pelas mulheres no campo jurídico e trabalhista, refiro-me a essas mesmas
mulheres que, descritas na Bíblia como inferiores aos homens, conquistaram, com
muita luta, a emancipação política e o direito de trabalhar fora, não
restringindo-se aos consagrados papéis de mãe e dona de casa. Embora o cristão
normalmente procure livrar o texto bíblico da pecha de endossar o preconceito
contra a mulher, apresentando o que entende como uma interpretação mais
adequada e contextualizada das Escrituras, ele não negará que a Bíblia faz a
mulher surgir a partir do homem, numa nítida inversão de papéis, não negará também
que Deus a criou depois do homem com o claro propósito de ser-lhe uma
auxiliadora, como se encontra no Gênesis, e que esta foi o primeiro espécime
humano a cair em pecado. Tudo isso é bastante significativo, não?
Refiro-me também
a conquistas dos homossexuais, cuja prática sexual é condenada de forma
incisiva tanto no Velho quanto no Novo Testamento. No entanto, os argumentos
contra a prática da homossexualidade são tão frágeis que facilmente são
refutados um a um. Não há uma explicação racional para esta ser uma prática
abominável aos olhos do Criador do universo. Apelar para a desintegração da
família, a depravação moral, à incompatibilidade biológica e à esterilidade da
relação é tergiversar sobre o assunto, é ficar ingenuamente na superfície da
questão, sem estabelecer qualquer relação com a realidade concreta do convívio
em sociedade. Qualquer confronto com a realidade faz cair por terra essas
questiúnculas levantadas pelo moralismo cristão. Diferente disso, a
homossexualidade precisa ser compreendida como uma manifestação da sexualidade
humana tão normal quanto a heterossexualidade (ou mesmo a bissexualidade), pois
assim é do ponto de vista científico, mesmo que não se saiba ainda exatamente o
que determina a orientação sexual das pessoas. O que se sabe certamente é que a
homossexualidade não representa qualquer patologia de ordem física ou mental e
que mesmo animais são observados em práticas homossexuais. Portanto, não é de
modo algum plausível a ideia de que se trata de um comportamento aprendido ou de
uma escolha individual. Sem dúvida, aceitar isso sem preconceito representa uma
evolução da sociedade no sentido de arrefecer animosidades e promover o
respeito à diversidade. Isso possibilitaria a compreensão da dimensão do que significa
conceder direitos civis aos homossexuais, respeitá-los como seres humanos
iguais a qualquer outro e não ser complacente com o crime de homofobia.
Novamente preciso
dizer que tais pontos são apenas citados aqui, mas cada um deles pode ser
estendido em um novo artigo. O que fica claro é que o indivíduo que uma vez
questionou os dogmas da fé, que uma vez questionou a fonte de tais dogmas, que
uma vez pôs em xeque o próprio Deus contido na fonte, agora percebe que há
diversas possibilidades de compreender o mundo com alguma coerência, com certa
razoabilidade, sem se submeter a explicações prontas e repletas de absurdos,
que só com muito malabarismo linguístico conseguem revelar alguma
razoabilidade. Agora o indivíduo pode pensar com uma liberdade que não tinha
antes, pois, dentro da anterior perspectiva de fé, tinha que investir muita
energia e esforços para pôr a termo o hercúleo trabalho de justificar o que
muitas vezes era injustificável. Ele passa a perceber que a verdade não é
prerrogativa de um grupo de pessoas que tiveram um acesso especial a ela, não é
ainda algo que se possa alcançar de uma vez só, por inteiro, condensada em um
livro, ou personificada em uma divindade. E assim nasce o ateu.
Sérgio Santos da Silva
Muito bom o seu texto. De fato, o ateísmo é uma crença, como você demonstrou aqui. Só corrigindo: existem sim, adoradores de divindades nórdicas, gregas e egípcias. São o que a maioria conhece como Wicca ou paganismo. Esta religião se divide em vários segmentos, cada um adorando um panteão diferente. São os chamados bruxos modernos, pessoas que cultuam divindades que representam aspectos da natureza e comportamentos humanos. Porém não se deve chamar todos esses bruxos de "Wicca", pois esta é apenas uma divisão do neo-paganismo (que se não me engano,cultuam divindades celtas). Pessoas que são desta religião são médiuns pois precisam falar com os deuses e com os espíritos da natureza, inclusive incorporando-os. Muitos não dizem que são dessa religião por medo de serem ridicularizados pela sociedade, inclusive já foram feitas passeatas desses grupos no Rio de Janeiro, lutando pela liberdade religiosa. Andei lendo sobre estas religiões e falando com pessoas que a seguem, inclusive por respeito a elas, deixei de usar o termo "mitologia".
ResponderExcluirConfesso minha ignorância sobre os "Wicca", mas agradeço muito essa informação que compartilha comigo e com os leitores deste blog. Em texto futuro, pretendo fazer tal retificação do que eu afirmei aqui. Muito obrigado por sua contribuição e por dispor de seu tempo para ler o artigo. Um grande abraço.
ExcluirDe um modo geral, o texto ficou muito bom, embora desconfie que é assim que necessariamente nasce um ateu. Racionalidade, desconfiança do dogma, livre investigação e descoberta de um substituto teórico mais plausível e "saudável". Acredito sinceramente que este foi o intinerário pessoal do Dr. Sérgio Santos, mas dificilmente o foi para muitos denominados ateus que conheço. Tenho profunda simpatia e respeito pela experiência do Dr. Sérigio; contudo creio que minha experiência em direção ao teísmo acadêmico passou exatamente pelas mesmas "fases" que ele descreveu com assustadora precisão. Não questiono a validade de sua "vivência"; mas admira-me como somos semelhantes e quão semelhantes foram os caminhos percorridos. Se hoje nos encontramos em "locus" contextuais tão distintos é por razões, penso eu, alienígenas aos passos dados. Não foi uma questão de metodologia. Algo ocorreu no caminho! Também me deparei com as "questões densas", as quais "diminuíram" sua massa volumétrica ante o gélido e rigoroso escrutínio da investigação subsequente, "não domesticada", mas sincera e inquiridora. De fato, não nasci crente nem ateu e acho que teria preferido manter-se alheio a tais designações; mas foi o contato (e o confronto) com as evidências, assim como no caso do Dr. Sérgio Santos, que me fez optar. O que ele chama de "explicações mais consistentes" foi exatamente o que fui forçado a rejeitar. A diferença que ele faz entre "Fé" e "Crença" (usando limitadamente as palavras de Paulo) é irrelevante para discussão acadêmica porque ali os elementos gravitam em torno do "ontológico", não do "psicológico" ou "místico". A pergunta é pela "existência", não pela necessidade da "devoção". Aqui se esgota o debate Teísmo x Ateísmo, do ponto de vista rigorosamente lógico; embora se possa prosseguir com discussões acerca das implicações práticas oriundas daquela discussão. Mas assim entramos no debate Religiosidade x Antirreligiosidade, dimensões que, embora interligadas são, sem dúvida, distintas. Rebelião contra dogmas, conflitos da adolescência, vício solitário, ensino de Bíblia e/ou teoria da evolução não se relacionam diretamente com a questão Teísmo x Ateísmo. A pergunta pela existência de Deus é, de certo modo, autônoma. É claro que o Dr. Sérgio "ligou" tudo isso em função de sua experiência e trajetória, uma vez que tudo isso concorreu para a resposta que ele hoje têm acerca da questão ontológica. Acho que isso é válido. Dr. Sérgio pensa de modo bastante amplo, porque é um pensador tipo filósofo que vê na fragilidade das partes a subversão do todo. Eu gosto desse modo abrangente de pensar. Também acho que a asserção referente ao todo deve fazer sentido apenas à luz das partes. Ou tudo se mantém de pé, ou tudo cai. E o Dr. Sérgio, não encontrando nas partes o sentido que aponta para um Todo, resolveu rejeitá-lo. Ele o fez justificadamente? Não me constutuo juiz neste ponto. Penso que as justificativas para a transição devem ser expostas e analisadas cuidadosamente. Dr. Sérgio Santos, é claro, também pensa assim. Logo é na validade das justificativas apresentadas que devemos buscar o mérito da conclusão. E não, ao meu ver, na validade da experiência pessoal. A experiência do Dr. Sérgio está vindicada; consinto de todo coração. Resta-nos saber se o mesmo se dá no âmbito das justificativas. Agradeço ao Dr. Sérgio Santos por nos presentear com mais um texto de sua hábil e meritosa lavra. É sempre um prazer ler seus artigos bem escritos, descontraídos, honestos, irreverentes (no bom sentido), plausíveis e compreensíveis. Parabéns!
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